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Prematuros

Tenho uma prematura nos braços e agora?

12 de Fevereiro, 2017

Depois de uma gravidez super tranquila, sem nenhum problema de maior (visto ter endometriose e alguns problemas poderiam ter surgido), eis que a minha princesa decide nascer mais cedo. Às 33 semanas e 5 dias comecei com contracções. Pensei que não fosse nada de mais, pois era tudo muito tolerável e as contracções que sentia eram nas costas apenas. Às 2 da manhã das 33 semanas e 6 dias resolvi ir até ao hospital só para controlar e acabei por já não sair de lá. Já estava com dilatação e as contracções muito frequentes.

Comecei a fazer as injecções para maturação dos pulmões da princesa, e o objectivo era ficar internada em repouso absoluto até às 35 semanas.

Na ronda que o médico de serviço fez às 17 horas vieram observar-me de novo, a dilação já estava em 6 cm e era para ir já para a sala de partos.

No meio daquela turbulência toda às 23h58 minutos nasce a pipoca com 2,195kg.

Aqui começou a aventura, até porque nunca me tinham preparado para receber um prematuro, não sabia de todo o que isso significava. Na verdade, na minha ignorância até era bom, pois não tinha passado pelo último mês de gravidez do qual todas as mães reclamam, a bebé não tinha nascido grande demais o que só me tinha facilitado. Mas com o passar das horas fui percebendo que não era bem assim.

No momento em que ela nasceu nem peguei nela, deixaram-me olhar para ela e a pediatra levou-a logo para sala do lado para a observar melhor.

Eu fui para o meu quarto e pronto, dormi como se nada fosse. No dia seguinte acordei e continuei como se nada fosse (fora as dores que tinha pois apesar de ter sido parto normal e ela não ter nascido muito grande ainda levei uns pontos). A qualquer momento tinha a esperança de sentir aquele momento mágico que vemos nos filmes. Fui mãe e nada mudou? Estranho. Para mim a única alteração tinha sido a minha barriga linda e maravilhosa que tinha desaparecido.

Fui informada que podia ir ver a bebé à ala de neunatologia que ela estava na incubadora. Lá fui eu, passinho a passinho porque mal conseguia andar, e aquilo era longe. No caminho comecei a sonhar com aquele cheiro a bebé, pegar nela ao colo, olharmos uma para a outra e que agora sim, o tal momento mágico ia acontecer. Ia coloca-la na mama e ela ia amar a sua primeira refeição no peito.

Quando chego lá, deparo-me com um lugar escuro, silencioso onde só se ouviam as máquinas às quais os bebés estão ligados, todos os pais com caras super sérias e a pensar “Lá vem mais outra coitada para este bocadinho de inferno”. Tudo o que eu fui a sonhar até ali tinha desmoronado.

Quando me dizem qual a minha bebe chego lá e…. vejo um bebé cheio de cabos, máscara de oxigénio, a receber luzes ultravioleta porque estava com ictéricia e não se podia tocar. Ok, nem a cara da minha bebé consegui ver e as dores continuavam, por isso resolvi voltar para o meu quarto. E pensei, será que isto vai ser sempre assim? Bem, isto aconteceu numa quarta-feira e foi assim até sábado à tarde.

Finalmente no sábado à tarde ela estava pronta para ser tocada e acariciada pelos pais. A aventura dos restantes dias que lá passamos fica para outro post.

Catarina Jerónimo

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