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Prémios e castigos

Prémios e castigos: Não obrigado!

13 de Fevereiro, 2017

Neste momento já sabemos um pouco mais sobre as nossas crianças e sobre a visão Montessori. Sabemos que são seres concretos, que passam por períodos sensíveis e que estes são temporários. Devemos dar-lhes liberdade, mas sempre guiada. Vamos então falar de prémios e castigos como método de educação.

Não oferecer prémios e recompensas nem aplicar castigos tem como objectivo favorecer a auto-motivação e a autodisciplina nas crianças; isto é, a criança realizar qualquer tarefa por sua própria satisfação, em vez de o fazer para conseguir um prémio ou evitar um castigo.

Numa situação prática, a criança acaba de realizar uma atividade da vida prática, como por exemplo colocar a roupa na máquina de lavar, e no final nós dizemos orgulhosos “muito bem!”. Aqui é como se estivéssemos a dar um prémio, e se continuarmos a fazê-lo em todas as coisas que a criança faz, estamos, sem querer, a condicioná-la ao nosso “muito bem”. Futuramente ela vai estar à espera de recebê-lo sempre, e quando não o receber irá perguntar-se “será que não fiz bem?”

Na pedagogia Montessori pretende-se que as crianças sejam independentes e autónomas. As crianças são capazes de ter um espírito crítico, sabem quando algo está certo ou errado, sem necessidade de estarmos constantemente a dizê-lo. Quando isto acontece eles próprios vêm dizer “Olha mãe eu limpei bem os pratos.”

Com os castigos acontece igual. O que impede os nossos filhos de não realizarem ou fazerem uma coisa é o medo das consequências negativas e não uma compreensão ética e moral do que é o bem e o mal.

Exemplo:

“Se não arrumares os teus brinquedos não vais ver televisão”,

a ideia seria:

“Vou-te mostrar como os brinquedos são arrumados cá em casa” “Não … não quero” “Ok, estás cansado e eu entendo, talvez o teu irmão me possa ajudar”. A criança pode não arrumar os seus brinquedos e calhar a si arruma-los desta vez, mas ele vai vê-la a arrumar os brinquedos e irá perceber como se arrumam e que em casa funciona assim.

Na pedagogia Montessori a preferência é sempre recorrer às consequênciaa ao invés de aos prémios e castigos. Embora possa parecer o mesmo, a verdade é que enviam uma mensagem diferente.

O castigo é algo imposto de maneira extrema, já a consequência é algo que é associado de forma natural ao acto em questão.

Exemplo: Castigo – Consequência

A criança nega-se a arrumar os legos depois de brincar com eles, como reagimos?

Volta para o teu quarto e não podes voltar brincar com legos nos próximos dois dias.” (Castigo que nós impomos e que é arbitrário)

Se não arrumares os legos podes perdê-los ou parti-los e não podes voltar brincar com eles”. (Consequência directa dos seus actos)

Os prémios ou recompensas não são também uma boa ideia. Se queremos recompensar de alguma forma um bom comportamento, também devemos fazê-lo de modo a que a criança perceba a recompensa como algo inerente ao acto que realizou. Por vezes é só uma questão de modificar a nossa linguagem:

Exemplo: Recompensa – Consequência

A criança faz-se preguiçosa na hora de tomar banho, como reagimos?

Se fores já tomar banho deixo-te ver um pouco de televisão antes de ires para a cama.” (a criança perceberá isso como uma recompensa que nós lhe estamos a dar).

Se fores já tomar banho terás tempo para ver um pouco de televisão antes de ires para a cama.” (neste caso ela perceberá como uma consequência lógica dos seus actos)

A diferença pode se subtil, mas é importante.

Tendo a pedagogia Montessori por base uma educação para a paz, que sentido fariam as recompensas e os castigos dentro da metodologia? Seria uma contradição. A paz não é uma condição, deve ser um estado natural para os nossos filhos e para a sociedade.

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