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O Período Sensível do Esforço Máximo

29 de Março, 2018

Maria Montessori desenvolveu o seu sistema educacional com base numa observação intensa das Crianças, tendo dessa forma notado a existência de certas qualidades comuns às Crianças até aos seis anos, entre os quais aquilo a que chamou de “Esforço Máximo”.

De acordo com as suas palavras, “a observação mostra que por volta do um ano e meio surge um novo factor de grande importância para o desenvolvimento dos braços e dos pés. É o desenvolvimento da força. A criança que se tornou activa e hábil sente-se forte… Em vez de apenas andar, a criança gosta de dar grandes caminhadas e carregar coisas bastante pesadas. A mão que aprendeu a agarrar deve treinar-se para erguer pesos e move-los. Aqui está uma criança de um ano e meio a carregar nos seus braços um enorme jarro de água que consegue suportar, mas mantendo o seu equilíbrio com dificuldade e um andar lentamente”.

À medida que as Crianças crescem, procuram maneiras de desenvolverem a sua força e de se desafiarem a si próprias de forma construtiva. É um período sensível durante o qual a Criança irá testar os seus limites, erguendo, transportando, trepando e puxando, colocando e tirando de uma caixa, numa força máxima que o impele a levar o seu corpo a novos níveis de independência. image1

Além disso, alcançar este esforço máximo é algo que criará nas Crianças uma confiança de que são capazes de enfrentar obstáculos, que irão levar para o resto da vida.

Nas Crianças mais novas, este esforço máximo torna-se evidente, sobretudo numa altura em já aprenderam a andar e querem, agora, superar os seus limites.

Mas note-se que o esforço máximo também é identificável quando se dedicam a alguma tarefa até a dominar por completo, sem se cansar, desencorajar ou distrair até a sua necessidade de desenvolvimento estar satisfeita. É uma capacidade de as Crianças se entregarem de coração, sem pensar maximum effort montessorino resultado, e sim da mestria do processo, fazer e ser. Por exemplo a actividade de abotoar e desabotoar botões, o propósito principal é treinar a destreza manual e a concentração à medida que aperfeiçoam esta concreta tarefa.

Desta forma, o esforço máximo é algo que se pode verificar em todas as Crianças até aos seis anos, podendo esse esforço máximo ser mais ou menos visível, consoante se trate de um “esforço máximo físico” ou um “esforço máximo intelectual”. 

 

O que fazer?

Durante este período, a Criança tem então uma necessidade de alcançar o seu esforço máximo, procurando oportunidades para o efeito. A nós, observadores e assistentes da Criança no seu percurso de desenvolvimento, seja enquanto pais ou educadores, cabe-nos assegurar a existência dessas oportunidades com um nível de equilíbrio que permita à Criança concretizar a actividade, ao mesmo tempo que representa um desafio.

Oportunidades desadequadas ao estádio de desenvolvimento da Criança irão criar sentimentos de frustração e uma desconfiança nas suas capacidades.

Isso parte não só da criação de oportunidades para a Criança alcançar esse esforço máximo, mas também da tomada de consciência por parte do Adulto da atitude perante a Criança.

Está aqui em causa, por exemplo, não reagir imediatamente quando uma Criança alcança ou faz algo que pode não ser apropriado para ela. É preciso considerar os limites que Maria Montessori sugeriu como suficientes (não magoar-se a si próprio, não magoar os outros e não danificar o ambiente) e o nível de obediência a que a Criança é capaz. Tendo isto em conta, questionar: “Tenho mesmo de interromper? Não será o benefício para a confiança da Criança superior ao limite que eu quero impor?“.

A colocação deste tipo de questões à medida que as situações surgem é importante, pois desta forma conseguimos garantir que não interrompemos a concentração, o treino de determinada faculdade ou uma possibilidade de alcance do esforço máximo, com enormes benefícios para a construção da personalidade infantil.

Actividades

A vida, por si só, é cheia de estímulos para uma Criança. Como sabemos, a Criança neste seu trabalho de auto-construção, tem por objectivo alcançar a sua independência. Logo, muitas actividades que criamos nestas faixas etárias devem privilegiar os exercícios da Vida Prática. Actividades com algum tipo de propósito, que representem ao mesmo tempo oportunidades para exercitar e seguir essa força interior para alcançar o esforço máximo.

Para além de todas as actividades que visam o desenvolvimento de outras faculdades, a disponibilização de objectos pesados que possam ser transportados, erguidos e arrastados, como jarros de água de plástico, almofadas largas, bolas largas, blocos, é algo que as Crianças a passar por este período gostam muito. Há muitas ideias que se podem por em prática:

  • Carregar uma mala grande ou uma mochila
  • Usar grandes blocos de espuma
  • Andar sobre almofadas
  • Mover um balde de água
  • Empurrar uma cesta de lavandaria carregada
  • Transportar pesos pequenos
  • Carregar almofadas do sofá ou almofadas grandes
  • Pegar uma bola muito grande
  • Empurrar / puxar um andarilho com pesos em cima
  • Despejar um balde de areia
  • Escavar gravilha
  • Carregar uma caixa de cartão
  • Subir um escorrega
  • Carregar garrafas ou jarros pesados
  • Colocar livros dentro e fora de um cesto ou caixa
  • Entornar em grande escala: com um regador grande ou entornar bolas
  • Escalar um Triângulo Pickler
  • Carregar objetos a subir escadas
  • Carregar pedras largas dentro de um “contentor” (caminhão basculante, balde, andarilho ou carrinho de mão).

O conhecimento destes períodos e destas concretas sensibilidades em cada momento permite-nos responder de forma mais eficaz às necessidades de desenvolvimento de cada Criança. Basta observar e criar.

 

Créditos das Imagens: Howwemontessori, The Kavanaugh Report, Montessori Messy, Baandek

 

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