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Mindful Cooking & Mindful Eating

5 de Maio, 2020

Hoje queremos partilhar com todos algo que este isolamento nos tem trazido. 

Inicialmente este isolamento começou por nos trazer algumas coisas menos boas, a pior parte de nós veio ao de cima. Depois de algum tempo confinados em casa o nosso cansaço começou a surgir, a nossa tolerância e pensamento positivo começaram a esvanecer. Com o tempo começou a vir ao cima alguém que até temos dentro de nós mas que não é quem queremos ser. 

Na nossa vida vamos construindo e descobrindo quem queremos ser, por que caminho queremos seguir, naquilo em que acreditamos e por aquilo que queremos lutar. Mas em momentos “extremos” como este, em que não podemos sair de casa, não conseguimos estar sozinhos como gostaríamos, não podemos espairecer indo trabalhar, etc. muitas questões se levantam. 

Por aqui não foi diferente, o que nos levou a parar e pensar no que realmente se estava a passar, o que o universo nos estava a tentar transmitir. Parámos, realmente parámos, afastámo-nos e fomos em busca, no nosso interior, do que se estava a passar connosco, do que estávamos a precisar para sermos realmente nós, o que precisávamos fazer para nos voltarmos a encontrar. Não sei se aconteceu, ou acontece, com vocês mas percebemos que no meio de todas as rotinas e stress do dia a dia, nos tínhamos perdido de nós mesmas lá atrás, mas precisámos parar tudo para perceber isso, porque antes estávamos demasiado ocupadas para perceber isso. 

Todos somos diferentes, o que funciona para uns pode não funcionar para outros. Uns adoram meditação, yoga, pilates já outros preferem dançar, fazer zumba, ter uma aula de box. E está tudo bem, o que interessa é funcionar. Mas hoje queremos partilhar com todos algo que descobrimos neste isolamento e que nos fez todo o sentido. Descobrimos o Mindful Cooking e o Mindful Eating. 

Mindful Cooking

Até aqui a visão de cozinhar era apenas de um meio para atingir um fim, ou seja, temos que cozinhar para não passar fome, é um mal necessário. E como referido acima, no meio de todo o stress do quotidiano e das rotinas, chegar a casa ao fim do dia e ainda ter que “desenrascar” qualquer coisa é sempre muito chato e aborrecido. 

Mas não precisa ser assim, se começarmos a ver todo este processo de outra forma. O nosso corpo é a nossa casa, a casa com o nosso nome, e esta é a nossa real casa e que só vamos ter uma. É aqui que nós moramos todos os dias da nossa vida, estejamos em que parte do mundo estejamos. Cozinhar e alimentarmo-nos não é um mal necessário, é algo de que precisamos e nos faz bem. Temos que nos nutrir, quer nutricionalmente quer emocionalmente. Cozinhar com sentido, cozinha estando presente leva-nos a outra dimensão. 

Quando paramos tudo para ir cozinhar pode ser um momento libertador, em que estamos a cuidar de nós. Estou a ter real noção de como alimento o meu corpo, que alimentos estou a consumir. Quando cozinhamos todos os nossos sentidos são acordados. O cheiro dos alimentos, fechamos os olhos e cheiramos as ervas aromáticas, os condimentos, respiramos fundo, oxigenamos o nosso cérebro. 

Começar a cortar os legumes, o nosso tacto está a despertar, as diferentes temperaturas e consistências de cada alimento, a visão está a ser chamada ao seu lugar, observar as formas, as cores, a vitalidade de cada alimento, a nossa audição pode estar concentrada no simples silêncio, no refugado a crepitar ou naquela música que nos dá aquela paz de alma. Isto é cozinhar com a alma, com o coração, não por obrigação. É um momento só nosso (mesmo que os nossos filhos participem) mas todos vamos entrar num estado de tranquilidade naturalmente. Não vamos pensar na bancada suja, na quantidade de loiça para lavar, vamos pensar no momento e no agora, vamos estar realmente atentos, realmente mindful naquilo que estamos a fazer. 

Mindful Eating

Para quem está atento, acima faltou-nos falar de um sentido, o paladar. Pois é, é aqui que entra este conceito de Mindful Eating. Não precisamos de cozinhar para o praticar. Este conceito tem por base comermos com atenção, mas o que é isto de comer com atenção se uma pessoa (numa situação normal) mal tem tempo para comer. Como qualquer trabalho de meditação, ou exercício físico, de início nunca é fácil, mas o resultado final compensa imenso. 

Consiste em nos sentarmos com o real propósito de comer, de nos alimentarmos, de nos nutrirmos. Vamos deixar de parte dos telemóveis, as televisões com os telejornais, o livro, ou o jornal. Vamos realmente nutrir o nosso corpo. Vamos respirar fundo colocar um pouco da nossa refeição na boca e saborear, sentir as texturas, as temperaturas, o gosto de cada alimento, mastigar e a cada mastigação sentir os sabores a libertarem-se, a misturarem-se. Vamos focar o nosso cérebro naquele momento, naquela refeição, naqueles sabores. Todos nós estamos a tomar a nossa refeição mas o nosso pensamento está em tudo menos no momento. 

Nós não precisamos parar tudo, ir para um ginásio ou para o youtube para praticar meditação, relaxamento e mindful. 

Visto que todos nos alimentamos todos os dias, e até várias vezes por dia, podemos aproveitar esse momentos para relaxar. 

Quando começamos a ver o momento da refeição de outra forma, de outra perspectiva muita coisa muda, a possibilidade de ficar mindful no mínimo três vezes por dia muda muita coisa em nós, muda o nosso estado de espírito, muda a nossa nutrição emocional e até muda a nossa nutrição fisiológica, porque se começarmos a comer com atenção provavelmente não vamos comer nem metade das asneiras que comemos. 

Cinco premissas do Mindful Eating são:

  • Diminuir o ritmo– se comermos com mais calma vamos conseguir perceber melhor os sinais de saciedade que nosso cérebro nos envia. 
  • Aprender a reconhecer os sinais pessoais de fome – quando comemos por ansiedade, stress ou por um problema não são sinais de fome do organismos mas sim sinais emocionais. 
  • Escolher o ambiente para comer – devemos sempre tentar comer na mesa com prato, garfo e faca, comer de pé ou directamente da tappuewer aumenta a probabilidade de estarmos a comer e a fazer outras coisas ao mesmo tempo. 
  • Comer comida, não sentimento – Comida emocionalmente reconfortante não é saudável (na maioria das vezes) devemos optar por alimentos de bom valor nutricional.
  • Tomar atenção ao nosso prato – devemos tentar comer apenas, sem tecnologias ou distracções por perto, para realmente aproveitarmos a refeição e a companhia. 

É um caminho de autoconhecimento que pode ser muito bonito, que nos pode realmente levar a outro patamar neste momento delicado que todos vivemos. 

Jardim da descoberta, é isso que nós somos, é isso que o nosso caminho é. A nossa vida é um jardim que é feito de descobertas, de autoconhecimento, e mudanças. 

E é tão bom quando o nosso Jardim está em flor!

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