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Educar para a Paz

Mesa da Paz – Como ensinar a Criança a utilizar

9 de Fevereiro, 2017

Depois de termos explicado aqui o que é e como criar uma Mesa da Paz, seguem agora outras sugestões quanto à sua utilização, para que possamos alcançar o seu grande objectivo: dar às crianças ferramentas que lhes permitam resolver os seus conflitos e problemas de forma autónoma e pacífica. Estas sugestões referem-se agora à forma de ensinar as crianças a fazerem uso da Mesa da Paz de maneira adequada.

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Como ensinar a criança a fazer uso da Mesa da Paz

A Mesa da Paz poderá ser criada pelos adultos individualmente, ou com a participação das crianças, devendo ponderar-se, tendo em conta os pequenos a quem se dirige, o que resulta melhor.

Uma Mesa da Paz criada pelos adultos em exclusivo poderá ter a vantagem de despertar um maior interesse e curiosidade por parte da ou das crianças, pelo menos numa fase inicial. Melhoramentos subsequentes podem e devem ser feitos por iniciativa e com as crianças, de forma a assegurar um maior comprometimento.

Neste caso, assim que estiver concluída, num momento onde “reine a paz”, sugere-se que se convide a criança (ou as crianças) a ir lá sentar-se com o adulto, para explicar a sua utilização. A forma como se deve fazê-lo depende muito das crianças, das idades e de outros factores, mas ficam aqui algumas sugestões que poderão servir de orientação:

Em primeiro lugar, deve-se explicar de forma clara e tranquila para que serve a Mesa da Paz e que utilizações poderá ter: um local onde podemos ir sempre que nos sentirmos chateados e precisarmos de um tempo para nos acalmar, ou então um espaço para utilizar sempre que necessitarmos de resolver um conflito com alguém (criança ou adulto). Relembra-se que é importante não dar qualquer outro tipo de utilização a este espaço.

Conflitos Internos 

Para os conflitos internos, explicar que a Mesa da Paz deve ser utilizada por nossa própria iniciativa, e devemos lá permanecer em silêncio e quietude. Caso a Mesa esteja a ser ocupada por alguém, então não podemos interromper e devemos aguardar noutro local. Convidamos depois a criança a observar o objecto tranquilizador que lá se tenha colocado (por exemplo uma caixa com areia ou uma planta), e explicar para que serve: um objecto que devemos observar e/ou tocar que tem o “poder” de nos acalmar. Também podemos apresentar aqui a ampulheta, iniciar a contagem do tempo e sugerir que espere esse tempo em silêncio, pois observar o tempo a passar também ajuda a acalmar. Devemos sair da Mesa apenas quando nos sentirmos mais calmos e tranquilos, quando nos sentirmos prontos.

clubpequeslectores

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Conflitos Externos

Familiarizada a criança ou as crianças com a sua utilização individual, podemos passar a explicar como utilizar a Mesa da Paz para a resolução de conflitos com outros, que tanto podem ser crianças, como adultos.

Explicamos que quando nos sentirmos chateados com alguém, podemos convidar educadamente essa pessoa para ir connosco à Mesa da Paz. Quando estiverem os dois sentados, a pessoa que convidou irá falar primeiro, de forma calma e tranquila, devendo segurar no objecto mediador e explicar porque se sente chateada, podendo iniciar-se a contagem do tempo.

A Mesa da Paz deve incentivar a comunicação respeitosa e pacífica, sendo essencial que os envolvidos respeitem a palavra de cada um: apenas poderá falar uma pessoa de cada vez, e essa pessoa é a que está a segurar nesse objecto. Quando tiver terminado, passa esse objecto à outra pessoa que poderá responder. Poderá passar-se o objecto as vezes necessárias até se chegar a uma solução pacífica, acordada por ambos.

Alcançado o acordo, podem as partes tocar o sininho conjuntamente para anunciar que o conflito foi resolvido com sucesso.

howwemontessori

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Regras de linguagem

Deve ser incentivada a utilização de certas regras na forma como se expressam, regras estas que numa fase inicial caberá aos adultos ajudar a praticar, principalmente com os mais pequenos. Estas regras podem ser explicadas através de exemplos práticos, situações que ocorram com alguma frequência, e mesmo relembradas através da afixação de um quadro ou papeis junto da Mesa da Paz:

  1. Utilização de frases que descrevam como se sentem com a atitude do outro. Em vez de as crianças começarem a dizer “tu partiste o meu brinquedo”, devemos incentiva-las a expressarem como se sentem: “eu senti-me muito triste por teres partido o meu brinquedo”, “quando gritas comigo, sinto-me triste”;
  2. Ao invés de julgar, os envolvidos devem ser incentivados a descrever a situação ocorrida: “as coisas partem-se se não tivermos cuidado a brincar com elas”, em vez de “és bruto a brincar com os brinquedos e por isso é que se partiu
  3. Por fim, ajudar a que aprendam a expressar-se de forma positiva: “Será muito bom se brincares com mais cuidado”, e não “não partas mais os meus brinquedos!”;
  4. Não se pode gritar nem usar palavras ofensivas. Caso a criança não se consiga acalmar ou ser respeitadora, então deve retirar-se, acalmar-se e depois então voltar à conversa.

Ao início poderá parecer longínqua a altura em que o farão espontaneamente e sem necessidade de intervenção de um adulto, mas tal irá acabar por acontecer. A Mesa da Paz ajuda a acalmar os ânimos e a fazer com que as crianças sintam o controlo, pois têm um espaço e um tempo onde podem expressar o que sentem e saberem que vão ser ouvidos. O dia chegará em que irão ver os vossos pequenos a ir autonomamente e sem precisarem da nossa ajuda, acalmar-se ou resolver um conflito. Esta é, sem dúvida, das melhores práticas que lhes poderemos ensinar para a vida toda.

 

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