O adulto, o nosso adulto. Que ser incrível que somos e que nos tornamos. O tempo passa, vamos ganhando experiências, vivências, competências. Somos capazes de coisas incríveis.
No entanto há algo que nos bloqueia, vamos crescendo, vamos adultescendo e a nossa pureza de criança fica para trás.
Maria Montessori dizia-nos que quando crescemos passamos de Deuses a apenas Homem.
Um dos grandes ensinamentos de Montessori é que a criança se preocupa e valoriza todo o processo, mas nós, enquanto Adultos, nós apenas nos preocupamos com o resultado. Pois é, aqui perdemos tanto, perdemos o processo de cada momento da nossa vida.
Perdemos o encanto pelos momentos, pelas pequenas coisas, pelas pequenas conquistas ficando cada vez mais exigentes connosco e com quem nos rodeia (incluindo as Crianças).
Convidamos-te a refletir:
Vamos de viagem, vamos apanhar um avião para chegar do ponto A ao ponto B, quando apanhamos o avião enquanto Adultos a única coisa que nos importa é apanhar o avião para lá chegar. Para uma Criança, a viagem, a aventura começa no momento em que saímos de casa, chegar ao aeroporto, embarcar as malas, o caminho até à entrada no avião, todo o tempo que passamos no avião. Todo o processo é valorizado, todo o processo é experienciado de forma única.
Vamos fazer o jantar, uma lasanha, uma comida de conforto, enquanto adulto pensamos em comprar massa já feita, molho de tomate de pacote, se a podermos comprar já feita melhor ainda. Enquanto Criança que vivencia incrível, faze a massa, juntar a farinha, a água, amassar, esticar, colocar a massa a secar, ter a real perceção do tempo, do tempo que os processos levam (como queremos crianças pacientes se não lhes ensinamos o que isso é? Se não lhes mostramos o que isso é?). Vamos fazer o nosso molho de tomate, pegar na cebola, no tomate, no alho, cortar cada um deles, refogar, sentir cada aroma, valorizar cada ingrediente do nosso jantar. Que processo rico em termos sensoriais, motores, afetivos.
O que perdemos ao atropelar os processos?
Momentos de mudança estão a ser atravessados, estamos a ser chamados até nós mesmo, de novo. Adultescer pode ser diferente. Podemos continuar a ser inocentes, amantes dos pequenos momentos, podemos reaprender a simplesmente estar para apreendermos o mundo, o nosso mundo. Vamos redescobrir as nossas qualidades de ser criança, as qualidades da nossa infância. Aquela curiosidade sem fim, aquele amor imenso pelo próximo, pelos outros seres, aquele brilho no olhar por viver cada processo.
Esta semana sugerimos que seja a tua Criança a ensinar-te. Aprende a valorizar cada processo, cada momento com a Criança que convive contigo.
Permite-te viver.
Gratidão
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