A partir dos quatro meses o bebé irá desenvolver a sua percepção dos relevos e apreender melhor a distância que vai entre si próprio e os objectos. Além disso, vai também controlar melhor os braços e com isso apanhar e agarrar melhor os objectos, com cada vez maior precisão (incluindo cabelos e óculos).
Quando o bebé começar a experimentar e aperfeiçoar esta capacidade, querendo apanhar tudo o que lhe surge diante dos olhos, entra num novo período sensível de descobertas: vai explorar a ligação entre a visão e o toque.
Como falámos neste post relativo aos períodos sensíveis, é importante ajudar o bebé a seguir os seus interesses naturais em cada momento, e preparar o ambiente e condições para potenciar e optimizar cada nova fase de aprendizagem.
Tendo isto em conta, utilizar nesta fase objectos suspensos que o bebé possa agarrar, tocar e sentir, poderá ser muito benéfico. Tentar alcança-los irá exigir uma forte concentração da sua parte, que assim será fortalecida, embora não vá ainda ser rápido a fazê-lo e aguentá-los-á pouco tempo na sua mão.
Para ajudar o bebé nesta fase, podemos atar o objecto suspenso a um elástico, de maneira a que o bebé possa agarrá-lo e depois larga-lo, e tentar novamente agarrá-lo e larga-lo , numa repetição que lhe irá permitir aperfeiçoar esta nova capacidade, até que o consiga finalmente levar à boca, que será o seu grande objectivo.
Sugerimos aqui alguns objectos suspensos que podem ser agarrados pelo bebé, e que são usualmente utilizados por quem aplica o método Montessori em casa. Os mesmos podem também servir de inspiração para a nossa própria criatividade.
Anel
O bebé irá desenvolver uma enorme energia a mexer os seus braços e mãos para agarrar o anel e num momento de grande felicidade leva-lo à boca. Este deve ter de preferência 8 cm de diâmetro e 1 cm de espessura, ser preso a uma fita sólida cozida a um elástico, ou presa directamente no elástico, e fixado a um nível que esteja ao alcance do braço esticado do bebé.
Chocalho
Este objecto que brilha (ou não, consoante o material) exige do bebé mais destreza que o anel e implica uma forte concentração da sua parte para que o possa agarrar. É por isso um óptimo objecto para ir alternando com o anel, e com este irá aprender uma nova noção: irá compreender que o som está ligado ao seu gesto, pois faz barulho quando lhe toca, quando atinge o seu objectivo, para além do prazer visual que lhe dá.
O chocalho deve ser preso da mesma forma que o anel, e deve ter cerca de 4 cm de diâmetro. Atenção ao material do chocalho, para que não liberte substâncias químicas ou crie ferrugem, e não possa ser ingerido.
Mobiles
Outra boa alternativa nesta fase, para alternar com o anel e o chocalho, são os mobiles com motivos da natureza: peixes, borboletas, aves e outros animais. Estes podem ser de madeira ou papel, e de preferência coloridos. O bebé irá acompanhar com os olhos os animais que nadam ou voam sobre si, e irá depois ter a tendência de elevar as pernas para experimentar toca-los com os pés.
Alguns destes mobiles poderão ser encontrados à venda em Portugal em lojas online como a Casa Capaz, q
Bola Sensorial
Nesta altura, o bebé também começa a mexer muito as suas pernas e os seus pés, e por isso uma bola sensorial presa ao nível dos seus pés também poderá ser benéfico.
Esta bola grande de tecido, com várias texturas e que emite sons, irá permitir-lhe treinar os movimentos das pernas e fortalecer os seus músculos para treinar a posição vertical.
É importante apelar à nossa criatividade. A utilização destes materiais não tem de ser rígida e podemos adaptar materiais que tenhamos em nossas casas e que sirvam os mesmos propósitos.
Além disso, devemos apenas ter em atenção certos princípios como o de promover a concentração do bebé (não misturar demasiados objectos e cores para não sobre-estimular e assim dificultar a concentração), e não dar nada à mão que o cérebro ainda não seja capaz de alcançar.
Por outro lado, todos os objectos devem ser escolhidos tendo em conta alguns critérios de segurança: ser resistentes, não terem relevos, serem macios ou uniformes, não serem pintados, ou se o forem que não sejam com substâncias químicas, e serem o suficientemente grandes para não correrem o risco de ser ingeridos pelo bebé.
Todo o corpo do bebé irá mostrar o seu entusiasmo à medida que experimenta estes novos objectos, e deixe-o repetir estes exercícios as vezes todas que quiser e sem ser interrompido, pois é de facto um trabalho importante que está aqui a desenvolver.
Quanto à forma como prendemos os objectos suspensos também dependerá das condições dos espaços e da nossa própria criatividade. Prender ao tecto com um gancho, utilizar os ginásios que já temos em casa, tripets de madeira, candeeiros de pé, etc., garantindo-se sempre as condições de segurança dos bebés.
Observemos depois os nossos bebés, comecemos a perceber o que lhes prende mais a atenção, quanto tempo permanecem concentrados com cada objecto, que sinais mostram quando estão a ficar aborrecidos, e tantas outras reações. Concentremos-nos nós também neste processo de descobrir a “nossa” criança. 🙂
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