Há muitas teorias sobre as crises e fases de desenvolvimento das Crianças, mas as quatro que se seguem são de facto crises conhecidas de todos nós. A sua verbalização ajuda-nos apenas a sermos adultos e observadores mais atentos, podendo, desta forma, dar às nossas crianças aquilo que elas mais precisam em cada momento, ao invés de se criarmos obstáculos, mesmo sem querer.
Durante os três primeiros anos de vida, o bebé passa por um conjunto de transformações físicas e psicológicas com uma rapidez e intensidade que não se irão verificar em mais nenhum outro momento da sua vida. Nesta fase, as etapas surgem umas atrás das outras através daquilo a que se podem chamar “Crises de Desenvolvimento”.
Crise do Nascimento
A primeira crise é a “Crise do Nascimento”. Aqui dá-se a separação física do corpo da mãe, estando o bebé pronto para respirar por si, procurar alimento na mãe e colocar em funcionamento o seu corpo.
Nos primeiros meses de vida (o chamado “período simbiótico”) o bebé necessita de um forte apego à sua mãe, pois na sua perspetiva, ele e a mãe relacionam-se como um só indivíduo. É então uma fase onde deve ser evitada a superestimulação e o contacto com muitas pessoas, pois aquilo que o bebé precisa é fortalecer a intimidade dentro do seu núcleo familiar, e desenvolver a confiança no mundo a partir dos braços dos seus pais.
Por volta dos três meses, o bebé passa a conseguir diferenciar os rostos e a perceber que a não é mais um ser unido à mãe. Pode haver alguma ansiedade nesta fase, no entanto não só é normal, como é saudável. Aos educadores, basta lidar com naturalidade e oferecer amor através dos gestos e do tempo dedicado ao bebé.
Crise da Introdução dos Sólidos na Alimentação
Esta crise dependerá do tipo de alimentação do bebé. Mas a partir do momento em que tem o estômago preparado para ingerir outro tipo de alimentos, para além do leite, pode dizer-se que irá entrar nesta nova fase. Aqui irá pôr-se em prova a capacidade da criança mastigar e digerir os alimentos, para aprender a alimentar-se sozinha.
Normalmente os sinais de que a criança está preparada relacionam-se com a capacidade de se sentar sozinha, os dentes começarem a querer nascer e a demonstração de interesse pela comida.
A forma de a ajudarmos nesta fase é respeitar o seu ritmo no que respeita à introdução dos alimentos, não a obrigando a comer o que não quer. Um método que está cada vez a ganhar mais adeptos é o chamado “Baby Led Weaning”, onde basicamente os alimentos são colocados diante da criança, e ela come ao seu ritmo os alimentos inteiros, ao mesmo tempo que os descobre e contacta com as suas texturas e cores.
Crise do Afastamento
Primeiro a gatinhar, e depois a andar, por volta dos nove meses o bebé começa a conseguir afastar-se dos pais, para depois regressar novamente, pondo em prática as capacidades motoras que desenvolveu desde que nasceu.
Ganha consciência de si próprio, e começa a manifestar alguma ansiedade diante de “estranhos”, pois já sente que tem um espaço e um corpo seus, e não tolera com facilidade que esse espaço seja “invadido”.
Devemos nesta fase criar o ambiente seguro para que possa movimentar-se com liberdade e ao seu ritmo, encorajando-a através da nossa linguagem corporal, das nossas expressões e nunca a forçando a nada.
Crise de Autoafirmação
Por volta dos dezoito meses a criança, já consciente de si própria, aprende a manifestar-se através das palavras. “Não” é a palavra que marca o início desta nova fase, através da qual procura marcar a sua posição e tentar mostrar que não precisa dos adultos para tomarem decisões por si. “Eu” é a palavra que marca o fim.
Estamos aqui na presença da tão famosa “crise dos dois anos”, que marca a passagem do bebé a criança, andando ali num limbo que muitas vezes pode confundir os pais, levando-os a pensar que estão a fazer a chamada “manha”.
Podemos ajudar a criança confiando que de facto está mais pronta para tomar decisões do que à partida podemos pensar, e deixa-la tomar as possíveis. Vejam-se alguns exemplos: a criança já é capaz de decidir se quer levar uma camisola ou outra, se quer uma maçã ou uma banana, se quer um livro ou outro.
Em todas as fases devemos observar a criança e perceber qual a que, ao seu ritmo, está presente em cada momento.
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