Setembro é, para a maioria das nossas Crianças, o mês de adaptação a novas escolas ou novas salas. É, por vezes, um período menos fácil quer para as Crianças quem para os pais e/ou cuidadores, pois podem representar momentos onde se criam mais inseguranças, receios e que fazem levantar muitas questões sobre a escolha que tomamos para as nossas Crianças.
Em Montessori, como em qualquer escola, o período de adaptação também é feito com todo o cuidado e acima de tudo com todo o respeito pela Criança. A adaptação a uma escola que adota este método de ensino representa por vezes não só a adaptação a uma nova escola, mas também a adaptação a uma nova pedagogia, a uma nova organização de sala, de rotinas, e de muitos outros aspetos.
Como se processa então a adaptação das Crianças em Montessori?
Nas primeiras semanas, as Crianças passam pequenos períodos na escola, para que assim se consiga uma adaptação mais pacífica, sem stress e gradual.
Sendo as salas Montessori heterogéneas, irão sempre haver Crianças novas e Crianças que já frequentavam o ambiente anteriormente. Assim sendo, uma boa readaptação por parte das Crianças que já frequentavam o ambiente irá ajudar muito a adaptação das novas Crianças na sala, sendo para isto fundamental que também os antigos alunos tenham tempo para restabelecer os laços entre si e com os professores e auxiliares.
Como sabemos, as Crianças mais velhas acabam por servir como modelo e referência para as mais novas, ao mesmo tempo que as mais novas inspiram os mais velhos a consolidar os seus conhecimentos, existindo uma simbiose perfeita que irá ajudar todos os que fazem parte da sala, incluindo os adultos.
Assim , e na prática, as Crianças que já frequentavam o ambiente começam sempre as aulas um ou dois dias antes da chegada dos novos alunos. Assim, os professores conseguem estabelecer relações e criar rotinas essenciais para a chegada das novas Crianças.
Exemplo de adaptação:
Por outro lado, a fase de adaptação não tem de ser sempre igual, dependendo sim do número de novas crianças e do número de adultos disponíveis para as receber.
Um exemplo de uma adaptação poderá ser, por exemplo, os novos alunos começarem às 9:00 horas com os antigos alunos, mas terminam ao fim de uma hora e meia. Caso o número de Crianças novas na sala seja muito elevado, metade das crianças fará adaptação de uma hora e trinta no primeiro turno da manhã e a outra metade no segundo turno da manhã. Por exemplo, metade dos alunos das 9:00 às 10:30 horas e a outra metade das 10:30 às 12:00 horas.
Nas semanas seguintes as Crianças vão ficando cada vez mais tempo na sala até que ao fim de três semanas ficam pelo mesmo período que os antigos alunos.
Novos Alunos | Antigos Alunos | |
Semana 1 | 9:00 – 10:30 | 9:00 – 12:00 |
Semana 2 | 9:00 – 11:00 | 9:00 – 12:00 |
Semana 3 | 9:00 – 12:00 | 9:00 – 12:00 |
Outros aspectos para facilitar a adaptação:
Para além de toda esta questão da adaptação por fases há mais pormenores que devemos ter em atenção.
- É crucial que uma das primeiras mensagens a ser passada à Criança, no primeiro dia de escola, seja a de que a sala é um espaço interessante, bonito e que é um espaço para as Crianças e não para os adultos. É uma informação muito importante a reter, pois será esta ideia inicial que levará a Criança a se adaptar mais facilmente e tomar aquele espaço também como dela, e assim ter uma consciência de cuidado com o espaço muito maior;
- Desenvolvimento de actividades muito interessantes e atrativas para as primeiras semanas de aulas, para fomentar este sentimento de pertença ao espaço (por exemplo, cuidar das plantas existentes no espaço, limpar os vidros, participar na limpeza, cuidado e arrumação da sala, etc.);
- Outra questão não referida anteriormente mas que é de máxima importância é a apresentação da escola. Assim que as Crianças chegam a um espaço novo, esse espaço deve-lhes ser apresentado e mostrado com toda a atenção e carinho, pois este será o espaço que irão frequentar nos próximos meses ou talvez nos próximos anos. Se pensarmos, acontece o mesmo connosco quando estamos a começar num novo trabalho. É essencial conhecermos o espaço para nos ambientarmos, para cada vez mais tomarmos o espaço como um pouco nosso, facilitar a nossa adaptação, ambientação e a nossa produtividade, que estão diretamente relacionadas com este sentimento de pertença ao espaço;
- É também essencial que a adaptação seja feita com a equipa que irá seguir a Criança ao longo do ano. A adaptação à nova escola implica não só a adaptação a um novo espaço, mas também a novos adultos de referência, e isto deve ser algo consistente. Não se devem fazer alterações de equipa a meio de uma adaptação. Actualmente, passando o nosso país por uma crise no Ensino e na educação, esta situação nem sempre se verifica, e os docentes têm colocações tardias, as equipas têm elevada rotatividade, entre outras situações. No entanto, devemos lutar para que isto seja uma situação cada vez menos frequente, pois faz parte do nosso dever enquanto cuidadores lutar por ambientes mais equilibrados e adequados a adaptações serenas.
De resto, muito amor, muito colo, e muitos sorrisos!
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