Uma criança chama-nos para nos ir mostrar um desenho ou uma torre que esteve a fazer. Nós, com a melhor das intenções, a de lhe reforçar a sua auto-estima, elogiamos de imediato o seu trabalho, afirmando o quão maravilhados estamos.
Por mais bem intencionados que sejamos, podemos, na verdade, estar a criar o efeito inverso. Podemos estar a criar uma necessidade de aprovação externa da qual a criança irá depender sempre para valorizar o seu trabalho. Estamos, sem querer, a comprometer a sua auto-motivação, a sua capacidade de auto-avaliar o seu trabalho, conduzindo a que o faça não para sua satisfação, mas para a dos adultos que a rodeiam.
É por isso que Maria Montessori defendia que não se deve elogiar nem corrigir. Se ao invés de elogiarmos de imediato o trabalho, questionarmos o que acha a criança, o que sente a criança em relação a esse trabalho, poderemos ficar surpreendidos.
Poderemos ouvir respostas como “não sinto nada”, “não sei”. E aí está uma oportunidade de as ajudarmos a desenvolverem o seu espírito de auto-crítica, de avaliação, e dessa forma ajuda-las a desenvolver as suas capacidades, as suas competências e passar assim de algo medíocre para algo que pode ser melhor, e da qual se orgulhem intrinsecamente.
“Achas que falta alguma coisa no desenho?”, “O que achas que falta na construção para que sintas que gostas mesmo dela?”. Darmos oportunidade à criança para falar, dizer “acho que falta cor”, “acho que devia estar mais alta” e por aí fora, numa infinitude de respostas paralela à infinitude da sua criatividade e capacidade de sonhar, que devemos estimular ao invés de limitar, ainda que seja com a melhor das intenções.

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